domingo, 27 de dezembro de 2009

Sejam felizes...



Vasco Graça Moura escreve semanalmente no Diário de Notícias. Na crónica do passado dia 2 de Dezembro, intitulada “A porcaria”, pode ler-se: “É bem feito. O país votou nessa cambada. O país prefere a porcaria. Já está formatado para viver nela e com ela. Sirvam-se. Ponham-se a jeito. Besuntem-se.”
Descontando a truculência verbal, com a qual não me identifico, direi por isso que estou muito mais próximo do conteúdo do que da forma. Estas palavras – acintosas, brutais e impiedosas – aqui dirigidas ao país e ao resultado das últimas legislativas, podem, igualmente, aplicar-se a uma qualquer autarquia deste mesmo país, seja Porto, Lisboa, Aveiro, Évora ou até Espinho. Não se concordando com aqueles que dirigem o destino do nosso país, ou da nossa autarquia, podemos sempre discorrer este tipo de asserções.
É verdade que, na justa medida de Vasco Graça Moura, também eu sou um daqueles que acreditam que o-povo-nem-sempre-tem-razão-e-também-se-engana. Mais! Engana-se, deixa-se enganar e gosta de ser enganado! Ponto final!
Há pouco mais de um mês – mais coisa, menos coisa – pude ouvir um lamento, saído de um pequeno grupo de idosos, a propósito da não realização do Baile de S. Martinho (acabaria por se cumprir, tardiamente, este mês). Uma senhora lá ia dizendo que José Mota “como só ficava mais uma ano” já se estava a borrifar para as pessoas e nem fazia o habitual bailarico. Três ou quatro abanavam a cabeça, conformadas e em sinal de concordância, mas… helás!... eis que uma delas corrige a oradora: “…já não é o Mota, agora é o Pinto Ribeiro!” Fez-se um fugaz silêncio e logo outra retorquiu, emendando: “…não é Pinto Ribeiro, é Pinto Monteiro!”
Pronto! Agora já sou eu outra vez a falar (melhor, a escrever) para vos dizer que nestas coisas eleitorais (e não só!) o “povo” deixa-se ir, embalado, iludido, encantado… e não sabe, nem quer saber! Tanto lhe faz que o Presidente da Câmara seja um ou outro, muitas vezes nem sabe em quem votou e desconhece se fulano, sicrano e beltrano ainda continuam na Câmara. Nada disso importa!
Não! Não vou terminar com um “besuntem-se”, como VGM faz habitualmente nas suas crónicas, antes apetece-me dizer: SEJAM FELIZES!



Opinião de Correia de Araújo
in "Defesa de Espinho" de 17/Dezembro/2009


6 comentários:

Anónimo disse...

É por estas e por outras que eu sou contra o voto universal e popular. Desde quando é que um pobre coitado sem eira nem beira tem capacidade para escolher quem vai governar um país? E desde quando é que eu um qualquer se pode candidatar a um cargo político, sem a consciência que tem a responsabilidade de administrar dinheiros públicos e tem as suas costas a responsabilidade de saber governar?! É por estas e por outras que eu sou monárquico e continuarei a ser. É por estas e por outras que sou contra o voto universal. Na minha opinião terá de haver um filtro que apenas deixe votar quem provar que o pode fazer em consciência e com a certeza de que sabe o que está a fazer. Também só poderia poder candidatar-se quem estivesse habilitado a exercer um cargo de tamanha responsabilidade. Na minha opinião na política só maiores de 45 anos.

JAM

Anónimo disse...

Comungo da opinião de José António Moreira, que aproveito para cumprimentar... desejando-lhe a si e ao seu Jornal um Feliz e Próspero 2010.

Anónimo disse...

O JAM não votaria, portanto...

Anónimo disse...

... não votaria, nem interviria, a avaliar pelo que escreveu no comentário inicial.
Realmente o JAM tem andado um bocado apagadito... mas há momentos assim!

Anónimo disse...

Boa Noite
Antes de mais agradeço a simpatia de notarem a minha ausência, mas outros valores se levantam. A vida não é só blogs e jornais a nesta altura estou mergulhado numa série de trabalhos académicos que quase não me deixam saber as novidades da nossa terra. Não fosse o Jornal de Espinho e eu de nada sabia sobre esta nobre cidade aos quadradinhos. E digo nobre, porque talvez não saibam, mas o nosso actual edil é monárquico.
Em relação ao facto de eu votar, ou não, devo acrescentar que eu voto. Voto, porque tenho consciência, independentemente de quem estiver no poder ou se candidatar, dos programa de cada um dos partidos que se apresentam a sufrágio, logo tenho consciência do meu exercício de cidadania e da minha escolha. Logo estou habilitado a votar. Assim devia ser toda a gente. Mas infelizmente nem toda a gente está preparada para votar. Diria mesmo que uma larga maioria não sabe sequer quais são os partidos de esquerda ou da direita e porque é que cada um deles é de esquerda ou de direita. E não pensem que estou a falar de pessoas sem recursos académicos. Desta cota faz parta muita gente que frequenta os caminhos académicos do conhecimento e do saber. Isso é que é preocupante! Uma pessoa que tem habilitações legais de nível superior e não sabe o que distingue os partidos e as suas políticas é de extrema gravidade. Das duas uma: ou o ensino está mal ou então existe muita gente a sofrer de um virus qualquer em forma de quadrúpede. Mas, como em quase tudo na vida, a um punhado de democratas oportunistas convém esta miséria intelectual. Porque só assim conseguem o poder.
É por isso que sou contra os resultados populares que trocam conhecimento, saber e competência por popularidade bacoca e vazio intelectual, sem qualquer tipo de nível.
Cresci a ouvir dizer mal de Salazar, mas o certo é que ele nos deixou um legado político que, entre imensas fraquezes e execessos, deve ser orgulho nacional: O Estado tem de ser uma pessoa de bem e quem está à frente do Estado tem de ser de uma honestidade e de uma probidade digna de orgulho nacional.
Cumprimentos
JAM

Anónimo disse...

Ó JAM, agora é que eu não percebi nada...