terça-feira, 12 de janeiro de 2010

Um Casino, por favor!




“Um destino turístico constrói-se através de uma visão integrada e consistente que releve as potencialidades da oferta e que afirme a sua sustentabilidade através de adequadas políticas de dinamização e promoção.
Para o Porto, como destino turístico, é absolutamente essencial a existência de uma oferta diversificada e qualificada, no contexto da qual um casino se constitui como uma estrutura de grande expressão.
O funcionamento de um casino no Porto tem, igualmente, muita importância na revitalização da cultura e de alguns espaços mais representativos da cidade nesta matéria.
Assim, o Governo, na sequência da deliberação da Câmara Municipal… e de proposta que posteriormente lhe foi remetida, com o presente Decreto-Lei, aprovou a possibilidade de instalação no Porto de um Casino integrado na Zona de Jogo de Espinho, fixando os termos e contrapartidas do contrato a estabelecer com a concessionária.”


Sim, pode até parecer ficção… mas estes foram os precisos termos do comunicado do Conselho de Ministros de 20 de Dezembro de 2002, a propósito do Decreto-Lei que definiu as normas aplicáveis à extensão da zona de jogo do Estoril, com uma ligeira(?) alteração em relação ao texto original: onde se lê “Porto” lia-se então “Lisboa”; onde se lê “Zona de Jogo de Espinho” lia-se então “Zona de Jogo do Estoril”.
Pois é! Os pressupostos são os mesmos, a aplicabilidade prática vale para ambos os casos… mas só Lisboa teve direito à excepção e à consequente benesse ou favorecimento.
Alguns meses antes de estalar a polémica suscitada pela deslocalização da emblemática prova da Red Bull Air Race para Lisboa, já eu escrevia no blogue “A Baixa do Porto” sobre a importância de um Casino no Porto. De facto, sempre entendi estarmos num país a duas (três, quatro, cinco… sei lá) velocidades, com assimetrias, injustiças, arbitrariedades, desigualdades e desequilíbrios sobejamente gritantes, onde o Norte e, peculiarmente, o Porto, continuam subalternizados… quando não mesmo, ostracizados!
Ressuscitado e avivado o tema, por força da recente e referida polémica, vemo-nos embrulhados em explicações e mais explicações, com o presidente do Turismo de Portugal, Luís Patrão, a dizer-nos que "as comparações que têm vindo a ser feitas entre as verbas disponíveis para Lisboa e para o Porto ou Gaia têm misturado duas proveniências de verbas, iludindo a questão de que o município de Lisboa tem um casino e com isso tem acesso legal exclusivo a parte (grande parte, acrescento eu) das receitas daí provenientes".
Pronto, estamos elucidados! Era isso mesmo que queríamos ouvir, ou seja, o Porto precisa mesmo de um Casino! Venha ele já no próximo ano… um novo ano que se deseja feliz e próspero para todos. Porém, e apesar de tão ilustres esclarecimentos do presidente do Turismo de Portugal, vou entrar em 2010 permanecendo com algumas (pequenas) dúvidas: por que será que o Fantasporto, um ícone cultural considerado pelo próprio Turismo de Portugal como uma das 10 marcas mais prestigiadas em Portugal e “na qual vale a pena investir”, teve direito aos mesmos 50.000 euros atribuídos ao Campeonato Mundial de Jovens Pasteleiros (CMJP) realizado em Lisboa? Ou… por que razão o projecto de animação dos coretos de Lisboa, em 2008, mereceu o mesmo apoio que a primeira edição do evento Red Bull Air Race? Ou…
Enfim, dúvidas! Apenas dúvidas de somenos… típicas de um pacato cidadão pouco esclarecido sobre a importância dos eventos levados a cabo na Capital do Império !
Boas entradas!


Opinião de Correia de Araújo
in "Defesa de Espinho" de 31/Dezembro/2009

1 comentário:

Anónimo disse...

Independência para o Norte!